
História da Cirurgia Robótica
Inicialmente desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para uso em aplicações militares no campo de batalha, a tecnologia robótica foi adaptada para uso civil através dos esforços empresariais de duas corporações, a Intuitive Surgical e a Computer Motion. Essas empresas desenvolveram simultaneamente interfaces robóticas para uso em aplicações cirúrgicas humanas. A Computer Motion, desenvolveu o Sistema Cirúrgico Zeus aproximadamente ao mesmo tempo em que a Intuitive Surgical, desenvolveu o Sistema Cirúrgico da Vinci. Posteriormente, em 2003, a Intuitive Surgical adquiriu a Computer Motion, consolidando a tecnologia cirúrgica robótica e tornando a Intuitive Surgical, a única fornecedora de tecnologia robótica avançada para uso em procedimentos cirúrgicos humanos na época.
A cirurgia robótica surgiu, portanto, nos Estados Unidos e ganhou ampla aceitação a partir dos anos 2000. Em 2000 o sistema Da Vinci obteve a aprovação do FDA e se tornou o primeiro robô cirúrgico operatório nos Estados Unidos. Em 2018 aproximadamente 3500 equipamentos robóticos estavam em operação naquele país e mais de 90% de todos os procedimentos para tratamento do câncer de próstata eram realizados através desta técnica.
A cirurgia robótica tem se expandido rapidamente, com um aumento significativo no número de procedimentos realizados e na disponibilidade de plataformas robóticas no mundo, inclusive com várias outras empresas também desenvolvendo e fabricando suas plataformas de cirurgia robótica, porém a líder mundial ainda é a Intuitive Surgical com o sistema cirúrgico Da Vinci.
No Brasil, a cirurgia robótica foi introduzida no ano de 2008, sendo a primeira cirurgia realizada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, utilizando o sistema da Vinci. Desde então ela tem se disseminado pelo país, tendo atualmente em 2025 algo próximo de 150 plataformas robóticas instaladas no Brasil. Entretanto, a tecnologia robótica até o momento está restrita a grandes centros e grandes cidades do Brasil. Além disso, ainda há um número limitado de Cirurgiões capacitados e habilitados para a realização desses tipos de procedimentos. Os elevados custos e a não cobertura pelos planos de saúde e pelo sistema público de saúde ainda limitam a sua ampla utilização.
O que é a Cirurgia Robótica?
Existem três tipos principais de sistemas robóticos: sistemas ativos, semiativos e mestre-escravo. Os sistemas ativos funcionam independentemente, enquanto permanecem sob o controle do cirurgião e realizam tarefas pré-programadas. Os sistemas semiativos também realizam tarefas pré-programas junto com o componente acionado pelo cirurgião. Os sistemas mestre-escravo não tem nenhum dos elementos pré-programados ou autônomos e dependem da atividade do cirurgião. Esses sistemas mestre-escravo são os dos robôs atualmente utilizados nas cirurgias robóticas, portanto ele é inteiramente controlado pelo cirurgião, portanto a cirurgia depende diretamente da expertise, formação e experiência do cirurgião que está controlando o robô.
A Cirurgia Laparoscópica auxiliada pela tecnologia robótica é a forma mais moderna atualmente de abordagem cirúrgica minimamente invasiva, onde o cirurgião fica sentado confortavelmente em um console próximo à maca onde o paciente encontra-se posicionado, controlando a plataforma robótica que está acoplada ao paciente.
O robô é um aparelho, que pesa pouco mais de 500kg, possuindo 4 braços articulados, com movimentos altamente precisos através de pinças articuladas e com filtro de tremor, e com uma visão de alta definição, tridimensional (3D) e ampliada (em até 10 vezes), o que facilita muito a identificação e dissecção de estruturas nobres, otimizando assim os resultados cirúrgicos.
O principal objetivo do equipamento é reduzir ou eliminar o trauma tecidual tradicionalmente associado à cirurgia aberta, além de propiciar um menor tempo de internação hospitalar, uma menor necessidade de utilização de medicações analgésicas e um menor sangramento durante a cirurgia.
A urologia é uma das especialidades médicas que mais utilizam a cirurgia robótica, principalmente para procedimentos como prostatectomias (retirada da próstata), nefrectomias (remoção de rins) e cistectomias (retirada total da bexiga). Vários outros tipos de tratamento também são possíveis através da cirurgia robótica que é a evolução tecnológica da cirurgia laparoscópica pura.
A vantagem da cirurgia de próstata robótica parece residir em uma recuperação da continência urinária mais precoce, menor tempo de utilização de sonda na uretra após a cirurgia, menor trauma cirúrgico e menor quantidade de sangramento. Alguns estudos com um número limitado de casos sugerem melhores índices de recuperação da potência sexual a favor da prostatectomia robótica.