HPB (Hiperplasia prostática benigna)

HPB (Hiperplasia prostática benigna) | Dr. Emanuel Veras - Urologia e Cirurgia Robótica

A hiperplasia prostática benigna, também conhecida como aumento benigno da próstata, é uma condição comum em homens com mais de 50 anos de idade. Ela ocorre quando a próstata começa a crescer de forma anormal. Isso pode levar a sintomas como jato urinário fraco, esforço miccional, jato urinário entrecortado, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, aumento da frequência urinária, urgência para urinar e outros sintomas.

Existem várias opções de tratamento disponíveis para a hiperplasia benigna da próstata, incluindo medicamentos e cirurgia. O tratamento adequado depende da gravidade dos sintomas e da saúde geral do paciente.

Quando falamos em tratamento medicamentoso para HPB, existem alguns medicamentos que podem ser usados:

  1. Inibidores da 5-alfa-redutase: Esses medicamentos, como a finasterida e a dutasterida, atuam inibindo uma enzima (5-alfa-redutase) que tem um papel fundamental na produção de um hormônio chamado dihidrotestosterona (DHT), que é um fator importante no crescimento da próstata. Portanto a utilização desse medicamento pode diminuir o tamanho da próstata em até 30%.
  2. Alfa-1 bloqueadores: Esses medicamentos, como a tansulosina e a doxazosina, bloqueiam receptores alfa 1 presentes no colo vesical e uretra promovendo um relaxamento no colo vesical e na uretra prostática, o que facilita a micção.
  3. Beta-3 agonistas: Esses medicamentos, como a mirabegrona, estimulam os receptores Beta-3 presentes na musculatura da bexiga, induzindo o seu relaxamento e melhorando os sintomas da HPB.
  4. Inibidores da fosfodiesterase-5 (PDE-5): Esses medicamentos, como a sildenafila e a tadalafila, são mais conhecidos por seu uso no tratamento da disfunção erétil, mas também podem contribuir no alívio dos sintomas da HPB.
  5. Anticolinérgicos: Esses medicamentos, como a oxibutinina, a solifenacina e a darifenacina, agem bloqueando a ação de uma substância chamada acetilcolina, que pode contribuir para o sintoma de urgência miccional que pode estar presente em pacientes com HPB.

Esses medicamentos podem ser usados isoladamente ou em combinação. É importante salientar que esses remédios podem causar efeitos colaterais e que o tratamento da HPB deve ser individualizado para cada paciente, considerando seus sintomas, idade e outros fatores de saúde. É importante consultar um urologista para avaliar qual o melhor tratamento para cada caso.

O tratamento cirúrgico é um dos pilares do tratamento da HPB e quando falamos em tratamento cirúrgico para HPB, existem algumas modalidades cirúrgicas que podem ser realizadas: 

Tratamentos

Ressecção transuretral (RTU) da próstata

A ressecção transuretral da próstata (RTU) é uma cirurgia realizada para reduzir o tamanho da próstata geralmente realizada para tratar a hiperplasia prostática benigna (HPB). Ela é feita com um aparelho através da uretra, sem cortes, realizando uma raspagem da glândula prostática. A RTU é a cirurgia padrão para próstatas de 30 a 80mL. Existem dois tipos principais de RTU: a RTU com bisturi monopolar e a RTU com bisturi bipolar.

A RTU com bisturi monopolar é realizada usando um aparelho de corte que produz uma corrente elétrica de alta frequência. Esse aparelho é inserido através da uretra e é usado para cortar e remover o tecido da próstata. A RTU com bisturi monopolar é uma técnica comum que é usada há muito tempo e tem uma taxa de sucesso elevada.

A RTU com bisturi bipolar é realizada usando um aparelho de corte que produz uma corrente elétrica de alta frequência que é limitada a um pequeno espaço entre as duas lâminas do bisturi. Isso permite que o cirurgião precise de menos energia para realizar a cirurgia e reduz o risco de danos aos tecidos circundantes. A RTU com bisturi bipolar tem algumas vantagens em relação à RTU com bisturi monopolar, incluindo menos sangramento durante e após a cirurgia, menor risco de hiponatremia dilucional (um distúrbio do equilíbrio de sódio no corpo) e um retorno mais rápido ao trabalho. No entanto, a RTU com bisturi bipolar também tem algumas desvantagens. Por exemplo, pode ser mais cara do que a RTU com bisturi monopolar e pode ser necessário mais tempo para a cirurgia ser realizada.

Incisão transuretral da próstata

A incisão transuretral da próstata (ITUP) envolve a incisão da saída da bexiga sem remoção de tecido relevante. Indicada em próstatas com menos de 30mL e sem lobo médio.

Prostatectomia Aberta

A prostatectomia aberta é o tratamento cirúrgico mais antigo para HPB. Realizada através de um corte abaixo do umbigo e o adenoma obstrutivo (região da próstata que está obstruindo a uretra) é enucleado. Essa técnica cirúrgica é utilizada para glândulas substancialmente aumentadas, maiores que 80-100mL. A prostatectomia aberta é o método cirúrgico mais invasivo, mas é um procedimento eficaz e duradouro para o tratamento da HPB. Na ausência de um arsenal endourológico, laparoscópico ou robótico, pode ser uma alternativa para próstatas grandes.

Enucleação da próstata na HPB utilizando o Laser – Holmium: YAG (HoLep)

O HOLEP (Holmium Laser Enucleation of the Prostate) é realizado com um aparelho através da uretra (sem cortes) e com o laser de holmium. Esse laser interage com os tecidos que contêm água, promovendo (através de um efeito fototérmico) a remoção do tecido prostático aumentado de forma controlada, o que possibilita a sua adequada hemostasia. A força de recomendação pela European Association of Urology (EAU) é forte, sendo o nível de evidência alto, quando comparado à RTU e cirurgia aberta, no que tange à segurança e eficácia, nos curto, médio e longo prazos, para volumes prostáticos inferiores ou superiores a 80mL.

Apesar do aumento do tempo cirúrgico, quando comparado o HoLep à RTU, algumas meta-análises apontam redução nos tempos de internação e cateterização; redução de complicações infecciosas e perdas sanguíneas, o que reverbera em menores taxas de transfusões. Todavia, os achados nos ensaios clínicos são heterogêneos, quando comparamos possíveis vantagens do laser frente à RTU, no manejo dos sintomas urinários e preservação da função erétil, sendo nesse quesito, pois, equivalentes. Embora o HOLEP seja geralmente considerado uma opção segura e eficaz para o tratamento da HPB, como qualquer procedimento cirúrgico, ele também pode ter algumas limitações e riscos, como disúria (dor ao urinar) no pós-operatório e incontinência urinária temporária.

Por fim, um grande diferencial nos desfechos positivos e redução de complicações, no HoLep, é a experiência do cirurgião, não só no que se refere à habilidade endoscópica, mas também na seleção das indicações para a técnica, unindo a prática baseada em evidências às particularidades clínicas e vontade do paciente.

Prostatectomia minimamente invasiva

Quando falamos em prostatectomia minimamente invasiva incluímos a prostatectomia laparoscópica pura e a prostatectomia laparoscópica assistida por robô. Atualmente, a maioria dos estudos envolvendo prostatectomia minimamente invasiva é de natureza retrospectiva, ou seja, com nível de evidência limitado. Porém com as evidências que temos atualmente parece ser um método de tratamento eficaz e seguro.

Quando comparamos com a técnica aberta, não há diferença na eficácia do tratamento e a técnica minimamente invasiva apresenta menor tempo de internação, menor tempo de uso de sonda e menor sangramento, com maior tempo operatório. Quando comparamos com o HoLep, a técnica minimamente invasiva também não mostrou diferença na eficácia do tratamento na maioria dos estudos. Um estudo clínico randomizado comparou o HoLep com a prostatectomia minimamente invasiva em próstatas maiores que 120ml e demonstrou maior tempo de internação com a técnica minimamente invasiva, porém com menor taxa de recorrência de sintomas urinários no seguimento.

Vaporização da próstata com Laser Verde (Greenlight)

A vaporização da próstata com laser verde (Greenlight) é realizada usando um laser de alta intensidade para vaporizar o tecido da próstata. O Greenlight tem algumas vantagens em comparação com a RTU tradicional. Uma das principais vantagens é que a vaporização da próstata com laser verde tem menos sangramento durante e após a cirurgia, sendo uma técnica que pode ser realizada em pacientes anticoagulados. Isso pode levar a uma recuperação mais rápida e menos dolorosa para o paciente. Outra vantagem da vaporização da próstata com laser verde é que muitos pacientes podem ser liberados para ir para casa no mesmo dia da cirurgia, sem a necessidade de ficar internados ou usar uma sonda vesical. Isso pode ser muito conveniente para os pacientes e pode ajudar a diminuir o tempo de recuperação.

A vaporização da próstata é geralmente mais adequada para homens com próstatas de tamanho médio ou pequeno. Isso se deve ao fato de que o laser pode ter dificuldade em vaporizar o tecido da próstata de forma eficiente em próstatas muito grandes ou volumosas. Por essas razões, a vaporização da próstata geralmente é indicada para homens com próstatas entre 30 e 80mL.

Embolização da artéria prostática

A embolização da próstata é uma opção de tratamento para pessoas que têm sintomas de HPB moderados a graves e que não desejam ou não são candidatas a cirurgias mais invasivas.

A embolização da próstata é realizada por um radiologista intervencionista ou cirurgião vascular, que usa uma pequena agulha para inserir um cateter no vaso sanguíneo que fornece sangue à próstata. Em seguida, o radiologista injeta microesferas de polímero ou outro material através do cateter, bloqueando ou diminuindo o fluxo sanguíneo para a próstata. Isso pode ajudar a diminuir o tamanho da próstata e aliviar os sintomas de HPB.

A embolização da próstata é geralmente uma opção segura e eficaz para o tratamento da HPB, mas como qualquer procedimento médico, pode ter alguns riscos e possíveis complicações. Algumas das vantagens da embolização da próstata incluem:

  • É uma opção minimamente invasiva que não requer cirurgia aberta ou anestesia geral
  • Pode ser realizada em um ambiente ambulatorial ou em um hospital com internação de curto prazo
  • Pode aliviar rapidamente os sintomas de HPB
  • Pode ser repetida se os sintomas retornarem

No entanto, a embolização da próstata também pode ter algumas limitações, incluindo:

  • Não é adequada para todas as pessoas com HPB
  • Pode não ser tão eficaz quanto a cirurgia em alguns casos
  • Pode haver alguns riscos e possíveis complicações, como dor abdominal, infecção e sangramento
  • Os resultados podem não ser permanentes e os sintomas podem retornar com o tempo.

Rezum

A tecnologia REZUM é uma opção de tratamento cirúrgico minimamente invasivo para a hiperplasia benigna da próstata (HPB), também conhecida como aumento benigno da próstata. Indicado para homens com próstata entre 30 e 80 mL. O procedimento é realizado por meio de uma pequena cânula introduzida através de uma câmera na uretra, utilizando anestesia local e/ou sedação leve. O vapor de água é então inserido na próstata através de um cateter, destruindo o excesso de tecido e aliviando os sintomas da HPB.

Algumas vantagens:

  • Duração do procedimento relativamente curta, aproximadamente 45 min.
  • Recuperação rápida, tendo alta hospitalar normalmente no mesmo dia do procedimento.
  • Poucas complicações
  • Resultados geralmente duradouros
  • Maior chance de preservação da função ejaculatória. 

Quanto aos custos do tratamento REZUM, eles podem variar amplamente dependendo do local em que o procedimento é realizado.

Urolift

O Sistema Urolift® é uma outra modalidade de tratamento cirúrgico minimamente invasivo para HPB, cuja indicação é para homens com volume prostático inferior a 70mL, sem lobo mediano, ou próstatas de até 100 mL com desejo de preservação da função ejaculatória. De forma sucinta, o procedimento é realizado, em geral, sob sedação ou anestesia local, onde há um reposicionamento, via uretral, da próstata e compressão dos lobos laterais, “grampeando-a”, sem cortes ou danos ao tecido prostático. Dessa forma, busca-se mitigar os sintomas da HPB, melhorando a qualidade de vida do paciente, com um pós-cirúrgico de recuperação mais rápida com alta hospitalar geralmente no mesmo dia, além de aumentar as chances de preservação da função ejaculatória (em contraste com a Ressecção Transuretral de Próstata -RTU e outras técnicas com ablação).

O Sistema Urolift®, dentro da suas indicações, mostra-se eficaz no tratamento da HPB, com superioridade na preservação da função ejaculatória (quando comparada com a RTU e outras técnicas menos invasivas, como o Rezum), podendo ser interessante, inclusive, para pacientes com outras comorbidades associadas e status de saúde mais comprometido.

_